Como assessor de investimento, frequentemente me deparo com clientes chegando ao escritório com um gosto amargo na boca por ter confiado cegamente em seus assessores de investimentos anteriores. Profissionais que muitas vezes recomendaram produtos aos clientes, sem que estes soubessem exatamente o que eram essas opções. Baixa liquidez, rentabilidades pífias e nenhuma perspectiva de melhora nos resultados são características que compõe um caso clássico de um assessor focado no ganho próprio e não do ganho do cliente.
Isso acontece porque no Brasil o assessor é comissionado pelo produto que ele vende, podendo assim ser tendencioso para recomendar um produto que não seja tão bom, mas que pague uma comissão gorda. Vários outros países já aboliram esse modelo, mas o Brasil ainda está engatinhando nesse tema. Aqui vamos entender algumas características e diferenças entre os modelos de remuneração do seu assessor.
Dois modelos:
Comissão
No modelo de comissão, o assessor recebe uma porcentagem do valor das transações realizadas pelo investidor. Isso pode incluir a compra e venda de ativos, produtos financeiros específicos, ou mesmo o valor aplicado em determinados fundos de investimento. Funciona basicamente como todo modelo de comissionamento por vendas que já conhecemos.
Fee Fixo
O fee fixo, ou taxa fixa, é um valor pré-determinado que o investidor paga ao assessor por seus serviços. Esse valor é negociado em uma base anual, mas cobrado em uma base mensal e geralmente é baseado em um percentual do valor investido, normalmente, variando entre 0,6% a 1%a.a. Para ficar mais claro, suponha que você vai investir 100 mil reais com um assessor que tem uma Fee Fixo de 0,8%. Isso significa que você pagará 800 reais por ano ou 66 reais por mês para esse assessor.
Características de cada modelo:
Conflito de Interesses: Um Risco Real
O maior risco no modelo de comissão é o potencial conflito de interesses. Como o assessor é remunerado com base nas transações ou produtos que o investidor adquire, pode haver um incentivo para sugerir investimentos que gerem maiores comissões, independentemente de serem as melhores opções para o investidor. Esse modelo pode incentivar um volume maior de transações ou a recomendação de produtos financeiros com taxas mais altas, mas que não necessariamente agregam valor ao portfólio.
Transparência do Fee Fixo
Essa estrutura permite ao assessor focar em uma estratégia de investimento mais sólida, com base nos objetivos e perfil de risco do cliente, sem a preocupação de buscar produtos que gerem maior comissão. A independência proporcionada pelo fee fixo assegura que as decisões tomadas sejam genuinamente em prol dos interesses do investidor, criando uma relação de confiança mútua.
Custos vs. Benefícios
Alguns investidores podem hesitar em optar pelo fee fixo, especialmente se considerarem que o valor pode parecer alto em comparação ao modelo de comissão. No entanto, é essencial considerar o que está em jogo. No modelo de comissão, o custo invisível pode ser um portfólio menos eficiente e até mesmo a perda de potencial de crescimento a longo prazo, devido a investimentos feitos com base no interesse do assessor e não no do cliente.
Com o fee fixo, você paga pelo serviço de assessoria sem surpresas, sabendo exatamente o custo que terá e, mais importante, com a tranquilidade de que as decisões são tomadas exclusivamente em seu benefício. Afinal de contas, se seu patrimônio aumenta, o assessor também recebe mais, é uma relação ganha-ganha.
Conclusão
Agora você já sabe que sua assessoria não é de graça e pode escolher qual modelo faz mais sentido para você. Escolher o modelo de remuneração certo para o seu assessor de investimentos é uma decisão crucial que pode impactar diretamente a eficiência do seu portfólio e seu sucesso financeiro. O fee fixo se destaca por eliminar o conflito de interesses, proporcionando um alinhamento claro entre os objetivos do investidor e as recomendações do assessor. Para quem busca uma relação transparente e focada no longo prazo, o fee fixo é, sem dúvida, a escolha mais segura.